Soja aponta para US$15 em Chicago com avanço do La Niña no Cone Sul.
25/11/2020

Navios chineses embarcam soja em Paranaguá.
Do Notícias Agrícolas
Embora a realização de lucros tenha sido intensa no início do dia e o mercado tenha recebido algumas notícias que pesaram sobre as cotações nos últimos dias, os fundamentos voltaram a falar mais alto e os preços da soja amenizaram as perdas registradas na Bolsa de Chicago e vão encerrando a terça-feira (24) com estabilidade e registrando leves ganhos entre os principais contratos.
Ao longo do dia, as perdas chegaram a superar os 15 pontos, porém, no final da tarde o mercado foi se ajustando, inverteu a direção e fechou o pregão com ganhos de 2,50 a 4 pontos. O janeiro/21 terminou o dia com US$ 11,94 e o março, US$ 11,96 por bushel.
Analistas nacionais e internacionais colocam as condições muito adversas de clima na América do Sul e as ameaças à oferta 2020/21 no centro das discussões do mercado. Enquanto a demanda se intensifica em todo mundo, com destaque, é claro, para a China, os EUA já comprometeram mais de 80% do estimado para exportação na temporada – 59,9 milhões de toneladas – e a safra sul-americana sofre na Argentina, no Brasil, no Paraguai e no Uruguai.
O La Niña tem causado bastante polêmica até o momento, mas também permanece no radar dos traders e dos analistas. E caso se agrave, os preços da soja na Bolsa de Chicago poderiam chegar aos US$ 15,00 por bushel e alcançar suas máximas em seis anos, segundo analistas internacionais.
Nesta terça-feira, o Rabobank trouxe um relatório mostrando a força do mercado de grãos neste momento, afirmando que as explicações para o recente rally dos grãos são múltiplas.
“Algumas das consequências do La Niña foram muito visíveis e continuarão a impulsionar os preços até 2021. A seca no sul do Brasil e em partes da Argentina afetou lavouras como a cana-de-açúcar e o trigo e impôs desafios ao plantio de soja. Com os principais períodos de safra começando na América do Sul, o risco continua elevado”, afirmam os especialista do banco em seu reporte.
No pregão desta segunda-feira (23), os preços já testaram o patamar dos US$ 12,00, mas não tiveram força o suficiente para se sustentar, recuaram, mas não se distanciaram muito do alvo.
“O La Niña tem representado – e continuará a representar – desafios para os agricultores de todo o mundo, piorando a disponibilidade de várias commodities agrícolas”, completa o banco.
“Enquanto alguns modelos indicam que o atual La Niña possa alcançar uma força semelhante a dos anos de 2010 a 2012, as atuais condições do fenômeno estão mais fracas do que no mesmo período de 2010”, diz o Australian Bureau of Meteorology (BOM).
Além da questão climática, o Rabobank cita ainda a força da demanda como outro driver das altas dos preços este ano. “A demanda tem sido muito resiliente – principalmente da China – com os estoques de milho e soja previstos para diminuir ao longo da temporada 2020/21”.
Também nesta terça-feira, o Commodity Weather Group (CWG) divulgou seu boletim sazonal de previsões climáticas para os próximos meses e destaca as preocupações maiores com a região Sul do Brasil e a Argentina.
Nota da Redação:
Um bushel de soja equivale a 27,216 kg. Com o dólar a R$5,36 isso significa que uma saca de soja pode valer R$178,00 nos portos do Brasil, sem prejuízos dos prêmios pela quantidade de óleo na soja brasileira. Os prêmios esta semana em Paranaguá estão em US$2,50 por bushel, o que significa um acréscimo de R$29,65 por saca, levando o valor nominal da leguminosa no Porto a a ultrapassar a barreira dos R$200,00, com exato valor de R$207,65.
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