A educação violentada: Bolsonaro intervem em eleições nas universidades
04/10/2019
De Juliana Sayuri, do Intercept.
Durante um café com parlamentares da bancada evangélica no Palácio do Planalto, na manhã de 11 de julho, Jair Bolsonaro entregou o jogo: literalmente lamentou que, por lei, o presidente deva escolher e empossar reitores indicados pelas listas tríplices das instituições federais de ensino. Formadas pelos três candidatos mais votados em eleições dentro das universidades, as listas são uma maneira de garantir a autonomia universitária.
“Ali virou terra deles, eles é que mandam. Tanto é que as listas tríplices que chegam pra nós muitas vezes não temos como fugir, é do PT, do PCdoB ou do PSOL. Agora o que puder fugir, logicamente pode ter um voto só, mas nós estamos optando por essa pessoa”, declarou Bolsonaro, sinalizando a intenção de privilegiar candidatos alinhados a ele para ocupar as reitorias, independentemente das escolhas expressas pelas comunidades acadêmicas (professores, funcionários e alunos).
O discurso é o mesmo do ministro Educação Abraham Weintraub. “Uma parte dos reitores veio do passado e tem ligação com PSTU, PSOL, PT, essas coisas maravilhosas. Mas tem uma parte que não é”, ele disse em entrevista ao Estadão no fim de agosto. A expectativa é que a escolha de reitores mais abertos ao bolsonarismo poderia contribuir para a adesão das universidades ao Future-se, programa proposto pelo governo federal que prevê que as universidades e institutos federais contratem uma organização social para gerir suas atividades e tenham investimento privado.
Embora Bolsonaro critique o aparelhamento das instituições por partidos de esquerda ou centro-esquerda, em governos anteriores os reitores empossados eram eleitos pelas próprias comunidades acadêmicas – e os presidentes apenas chancelavam o resultado dessas consultas internas, nomeando os primeiros colocados na lista. Essa tradição se repetiu por 15 anos – e foi rompida justamente pelo novo governo.
Até agora, Bolsonaro já fugiu à regra em metade das nomeações de reitores de universidades federais previstas para este ano – e em um Centro Federal de Educação Tecnológica, o Cefet, no Rio de Janeiro. Das 12 nomeações, ele escolheu reitores com poucos votos ou até mesmo fora da lista tríplice em seis delas. São as seguintes:
Da trupe do Sargento Pimenta, poucos se salvam. Os filhos são estúpidos, os ministros são estúpidos, os apoiadores no Congresso – cada vez menos e mais comprados – são estúpidos.
Mas esse sinistro da Educação, cujas origens pouco se sabe, semi-analfabeto e fundamentalista, certamente é o pior deles.
Ignorante, orgulhoso da sua ignorância, canastrão e doutrinado por aquele velho estúpido que está auto-exilado nos Estados Unidos. A educação brasileira vai levar um longo tempo para se recuperar desse desastre orquestrado.
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Elegemos o Bolsonaro exatamente pra isso! Acabar com o aparelhamento vermelho das Universidades.
Basta ver a qualidade dos recém formados. Não sabem fazer uma regra de três simples.
Não todos, alguns se salvam.