A manobra diversionista do Governo na Vaza Jato cria contornos de que a conspiração continua
25/07/2019
Hacker diz à PF que vazou conversas de autoridades ao Intercept
Walter Delgatti Neto, preso nessa 3ª feira (23.jul.2019) por suspeita de hackear autoridades, afirmou à Polícia Federal ter dado ao jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept, acesso a informações capturadas do aplicativo Telegram. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
De acordo com a publicação, os investigadores tratam o relato de Neto com cautela. O suposto hacker é apontado como estelionatário. Neto é apelidado de “Vermelho” e foi 1 dos 4 presos pela PF na operação Spoofing.
Quem foi preso
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Walter Delgatti Neto, 30 – era conhecido como “Vermelho”. Fingiu ser aluno da USP. Afirmou ter uma conta bancária na Suíça;
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Gustavo Henrique Elias Santos, 28 – conhecido como DJ Guto Dubra. Organizava festas em cidades no interior de São Paulo;
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Suelen Priscila de Oliveira, 25 – é mulher de Gustavo Henrique. Foi presa no mesmo endereço que o marido;
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Danilo Cristiano Marques, 33 – dono de uma pequena empresa: a Pousada e Comércio Chatuba. Era motorista de Uber, segundo a defensora pública.
Intercept reafirma veracidade das conversas
O site comandado por Glenn Greenwald divulga desde 9.jun.2019 uma série de reportagens chamada de Vaza Jato. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, tiveram o conteúdo de conversas atribuídas a eles divulgadas. Tanto Moro e Dallagnol contestam a autenticidade das mensagens, mas não indicam os trechos que seriam verdadeiros e falsos.
Após a prisão dos supostos hackers, a defesa de Greenwald disse, em nota, que “não comenta assuntos relacionados à identidade de suas fontes anônimas”.
Greenwald publicou em seu perfil no Twitter nessa 5ª feira que Moro usa a mesma estratégia usada pelos governos dos Estados Unidos e Reino Unido quando foram alvos de vazamentos de dados. O jornalista disse que o objetivo da operação da PF é distrair a opinião pública.
Nota da Redação:
No nosso singelo entendimento, se as mensagens foram de fato raqueadas, confirma-se a sua autenticidade. Não existiu a alegada (por Moro e Delagnol) manipulação dos textos.
Confirmada a autenticidade, temos a confirmação de que a 13ª Vara Federal de Curitiba, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o Superior Tribunal de Justiça, o Supremo Tribunal Federal, o Ministério Público Federal e Polícia Federal conspiraram para condenar adversários políticos ao regime que se pretendia, iniciado com a deposição da presidente Dilma Rousseff.
Que pudor é esse, pergunta-se, que não permite que se ponham as tropas na rua para garantir a estabilidade política do regime implantado? Que ecos históricos de 1964 constrangem os militares, tão fartamente dispostos entre as fímbrias do poder? Vivi os anos de chumbo, a partir de 1967, numa redação de jornal. Mas na época os generais eram nacionalistas e não permitiam a entrega do País aos interesses dos estrangeiros.
Tirar o Partido dos Trabalhadores do poder, sob a ótica dos conspiradores, pode até ser uma medida meritória. Mas o golpe de estado, semelhante aquele de 1964, com a sofisticação do conluio legislativo-Justiça-Ministério Público passará, em breve, para a história da infâmia política do País.
De fato temos que nos consolar. A breve emersão da democracia, as três décadas em que se pretendeu transformar o País numa nação de primeiro mundo, foram apenas o intervalo entre atos de uma ficção tragicômica que se repete, com insistência, desde 15 de novembro de 1889.
One Comment
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E chega a ser engraçado os Bolsominions comemorando a prisão dos hackers como se fossem os informantes do Intercept. Não percebem que se de fato fossem eles, poderia se provar que ocorreram os tais vazamentos e portanto, que o conteúdo é verdadeiro, aí em um país um pouco mais sério, responderiam os hackers pelo crime de invasão e os donos das conversas pelas inúmeras atrocidades cometidas segundo suas próprias palavras.
Se bem que achar que um Bolsominion tenha uma mínima capacidade de raciocínio é ilusão.